Emotions' Spot

quinta-feira, outubro 27, 2005

Calcanhar de Aquiles

Pensei bastante antes de postar este texto que fala de um assunto que me é particularmente sensível… Talvez por estar doente e enfiado em casa – coisa que já não sabia o que era – sem ocupação fui confrontado com a minha vida sentimental. Quando tudo o resto corre bem, às vezes paramos e olhamos para a nossa vida porque algo não bate certo, ou porque correu mal ou não ficou resolvido… E é assim que todos temos o nosso calcanhar de Aquiles. Este é o meu: Alguém me sabe dizer?... Alguém tem a resposta?... Alguém sabe como se faz?... Um dia uma senhora viu nas mãos do meu amor que não iríamos ficar juntos e a profecia concretizou-se. Como se lida com uma ferida que teima em não sarar? Estações passaram, do Inverno para a Primavera, desta para o Verão até chegar o Outono e por aí adiante e o sentimento ficou. O mundo continuou a girar, a vida mudou bastante, eu ainda mais… O que entretanto chorei, ri, vivi, passei sem ti e tu sem mim. Como é que e faz?... Encontrei o amor, mas eu não era o “the one”… Outro alguém mereceu ficar com o meu amor e eu mereci ficar sozinho. Num instante o amor voltou a sorrir-te. Outro alguém levou-te para longe, mas ninguém te irá amar assim. No relógio os ponteiros continuam a girar, na minha vida os dias continuam a passar numa nova perspectiva em que venço a todos os níveis menos no coração. Conheci o amor e fiquei sem ele. Quando o perdi doeu muito, passou muito tempo em que doeu ainda mais. Tanto que procurei de novo que me cansei… O amor teimava em não querer nada comigo. Há quem passe uma vida inteira sem amar verdadeiramente alguém, eu não o voltei a encontrar, mas agradeço ter tido a oportunidade de um dia ter conhecido o amor. Agora, I’m moving on, cheio de força na minha nova vida, longe do meu idealismo romântico como já tinha referido, mas não me prendendo a esta ferida, mas antes fazendo algo por mim. Simplesmente como uma tatuagem, faz parte de mim.
"I hope life treats you kind
And I hope you have
All you've dreamed of.
And I wish for you joy
And happiness.
But above all this, I wish you love.
And I, I will always love you..."

quinta-feira, outubro 13, 2005

30 dias depois

Faz hoje um mês que fiz o meu primeiro exame da época de recurso. Lembro-me que tinha corrido mais ou menos e lembro-me até quando saí do exame de Obrigações todo entusiasmado de tão bem que tinha corrido. Continuei a estudar, a assistir a orais (nada de pensamentos porcos, vá!!), mas infelizmente sempre com o mesmo espírito de quem não estava ali. Passadas duas semanas os resultados: “Chumbei! Não acredito…” Cheguei a pedir a fotocópia do exame de Obrigações que descobri que quem o corrigiu foi o meu Professor de Financeiro do ano passado que não me suportava e no qual colocou comentários como: “E?...” Simpático ele, hein? Enfim, o que se seguiu foram umas semanas tenebrosas (palavra cara do dia) em que estava completamente perdido. Eu não sabia o que fazer… Ía ficar mais um ano entre putos a repetir o 3º ano? Ia mandar tudo à merda (asneira do dia)? A vontade era grande, confesso. E aqui aproveito para agradecer todas as palavras de apoio que recebi. Foram essenciais, acreditem! Andei ainda uns dias sem contar a ninguém, até que contei à minha irmã e chorei desalmadamente, não por ter chumbado, mas por de tão perdido e inútil que me sentia. E apesar de toda a força fantástica que sempre encontro nela, ainda faltava a parte pior, que veio uma semana depois… “Tenho de falar com os meus pais!” Nunca tive medo da reacção deles, ou o que diriam, mas sentia vergonha e o sentimento que os estava a desiludir. Eles já tinham desconfiado, os Pais não são parvos. Então sentaram-me, despacharam logo o assunto de eu ter chumbado e disseram: “Agora desabafa, porque já reparámos que não estás bem.” E depois de uma longa conversa fiquei com o apoio incondicional deles e uma decisão a tomar que só caberia a mim. Descobri então que o pior é estar confuso ou sem rumo. É determinante para a vida e para o próprio bem-estar chegar àquele ponto e make a stand (expressão inglesa do dia)! E assim foi, como sempre na minha vida (nunca gostei de situações mal definidas). A partir de então senti uma força extraordinária e uma vontade muito grande de aproveitar a minha vida como tenho feito não desperdiçando um segundo que seja e I’m having a blast!!! E mais não digo! – Mas isto tem um motivo!... No outro dia fui jantar a um centro comercial (Uau que emoção, eu sei… Mas já era tarde e eu ía beber café depois e eu não tenho que estar a dar justificações, OK?!?!?!), enfim, continuando… Eu reparei que a maioria das pessoas estava sozinha, não falavam com ninguém, olhavam para o telemóvel mas este não tocava… Enfim! Achei aquilo tudo demasiado triste, mas a verdade é que a maior parte da culpa é das próprias pessoas! Estamos sempre à espera que alguém diga qualquer coisa, naquele momento em que o telemóvel não toca (em vez de ligar a alguém para falar de uma treta qualquer sem importância, mas dar umas boas gargalhadas), ficamos que tempos sem ir beber café com alguém porque há sempre uma desculpa qualquer (mas somos capazes de teclar com ela todos os dias até às tantas), não falamos com um amigo apesar de lembrar dele porque não há dinheiro no telemóvel, porque não calhou aparecer no Messenger… Enfim!! Portanto, deixei-me de tantos virtualismos e afastamentos e aqui fica o incentivo para fazerem o mesmo – Apenas aproximarem-se das pessoas, seja por que meio for, mesmo que por coisas simples (mesmo que virtuais). Por exemplo, hoje recebi um mail de alguém simplesmente a perguntar se estava tudo bem e dar um grande abraço de apoio por causa desta minha última fase. Sem ter caído na impessoalidade da porra da porcaria de um forward (a amizade é linda, os amigos são lindos, eu sou teu amigo, tu és meu amigo… Agora manda isto nos próximos segundos a todos os teus contactos, senão morres!!!), foi muito bom ter aquela surpresa e especialmente dirigida a mim, pensada em mim! Pensem sobre o assunto. No fundo, é apenas o meu ponto de vista. Já agora aproveito para me desculpar pela extensão do post de hoje, mas senti-me inspirado, como devem calcular! Ehehe
Um grande Abraço a todos

segunda-feira, outubro 03, 2005

Percepções

Auto Retrato

Magro, de olhos azuis, carão moreno,
Bem servido de pés, meão na altura,
Triste de facha, o mesmo de figura,
Nariz alto no meio, e não pequeno:

Incapaz de assistir num são terreno,
Mais propenso ao furor do que à� ternura;
Bebendo em ní�veas mãos por taça escura
De zelos infernais letal veneno:

Devoto incensador de mil deidades
(Digo, de moças mil) num só momento,
E somente no altar amando os frades:

Eis Bocage, em quem luz algum talento;
Saí�ram dele mesmo estas verdades
Num dia em que se achou mais pachorrento.

Bocage

Não é fácil criar na mente uma ideia de como somos! O reflexo no espelho, ou uma análise psicológica não substitui o que um olhar exterior capta sobre nós. A imagem exterior que temos de nós próprios é-nos por vezes tão alheia que nos leva a ter uma percepção diferente da real. Eu não estou a falar de conceitos como a estima ou o ego, mas simplesmente aquilo que os outros vêem, sentem quando olham para nós. A nossa figura, a nossa postura, jeitos, trejeitos, o tom da voz, do riso... A nossa primeira imagem - O que é que os outros vêem? E acima de tudo, até que ponto nos vemos como realmente somos?
À parte de todos os subconceitos de beleza e apelação que atraem a uns e a outros não, tentando restringir essa margem tão grande de subjectivismo e paralela à ideia de que não existem verdades absolutas, pergunto-me como seria afastar-me e ver aos olhos de outro alguém como é a minha imagem e o que transmito.
Well, just wondered...